13 de novembro de 2020
Quando vamos fazer um evento ao vivo simples, como um músico de violão e voz em um bar, casamento ou qualquer outro tipo de evento, sabemos que ele vai precisar de um instrumento, um microfone, um pedestal, cabos e o sistema que amplifica. Tudo isso com dimensionamento coerente para que o som chegue confortavelmente aos ouvidos dos espectadores.
Ok, mas para isso, que tamanho deve ter esse sistema de som?
Costumeiramente no mercado, o equipamento de som é medido por Watt. Pelo menos, é lógico esperar que um equipamento de 1000W chegue a pressões sonoras superiores a um equipamento de 500W. Só que isso é uma meia verdade.
Já que falamos em meia, a metade faz muito sentido, sim! Porém, ela é um modelo simples para servir de referência para quem está iniciando. Quem quer ir além precisa saber ou pouco mais sobre a eficiência dos sistemas.
Como pensar em eficiência no sistema de som?
É claro que a quantidade e tamanho das caixas acústicas vai variar de acordo com o tamanho do lugar a ser sonorizado, quantas pessoas precisam ouvir o seu som e algumas variáveis que nem todo mundo pensa na hora que adquirir um equipamento para eventos. Por isso é fundamental pensar no sistema de som ideal.
Já pensou no ruído de fundo do lugar? É um teatro com todas as pessoas sentadas e atentamente olhando para você? Ou uma festa em que seu violão disputa espaço sonoro com a empolgação do seu querido público?
Outro ponto: qual é a pressão sonora (em decibel) que você quer que chegue aos ouvidos dos espectadores?
Essa relação vai determinar com muito mais precisão o quanto você precisar adquirir de equipamento! E, se sobrar um pouquinho, melhor. Nunca sabemos o dia de amanhã.
Para dimensionarmos um sistema de som baseado em parâmetros de pressão sonora e não com parâmetros de potência, precisamos entender que caixas acústicas têm diferentes eficiências de acordo com marca, modelo e tipo de construção.
Tudo isso é calculado, medido e testado pelo fabricante. Por isso, devemos confiar nossa compra em marcas que respeitam o consumidor e que têm apreço por qualidade e, nesse caso, eficiência de seu produtos.
Como começar o dimensionamento?
Imagine o tamanho do ambiente que você deseja sonorizar com o seu sistema de som. Se não é um local fixo, imagine uma média dos lugares onde pretende trabalhar. Agora, imagine o comportamento do público dentro do ambiente. Quietos? Conversando? Gritando?
Para você ser ouvido com clareza, você precisará estar a, pelo menos, 10 dBs acima do ruído de fundo do ambiente.
Todo o ambiente precisa ouvir você, ou somente um grupo de interesse (mesas que estão próximas ao palco, por exemplo)? É a essas pessoas que devemos nos dedicar.
Toda caixa acústica profissional tem uma informação muito importante: o SPL (nível de pressão sonora) que ela suporta emitir. Cuidado! Essa informação pode ser em média (RMS) ou em Pico de potência (PEAK). Com ele, podemos prever o quanto teremos de som a uma certa distância.
Outra “verdade” na hora de projetar o som: cada vez que dobramos a distância entre fonte sonora e ouvinte, perdemos seis decibéis (-6dBs).
Eureca! Alguns dizem. Se temos a distância a que o som tem que chegar, temos a informação de quantos decibéis a caixa emite, e quantos decibéis a gente precisa na posição do último ouvinte. Temos tudo que precisamos para saber de quantas caixas precisamos para montar adequadamente nosso sistema de som.
Lembre-se sempre de que, quando dobramos a quantidade de caixas, ganhamos somente 3dBs. Por isso, se torna mais importante ainda a escolha de uma caixa eficiente.
Vamos a um exemplo prático
Imagine o exemplo a seguir para pensar na montagem de um sistema de som adequado.
- Espaço a ser sonorizado: 32 metros lineares.
- Comportamento do público: conversa em tom natural (aproximadamente 80 dBs).
- Volume do som para o ouvinte mais distante: 90 dBs.
- Pressão sonora máxima (RMS) da caixa que gostaria de adquirir: 120 dBs (a um metro).
De quantas caixas acústicas eu vou precisar no meu sistema de som?
Para chegarem 90 dBs a 32 metros, significa que 16 (metade do caminho) estará a 96 dBs. Fazendo a progressão, chegaremos ao valor de 120 dBs quando medimos a pressão sonora à distância de um metro.
Opa! Olha que curioso! Deu exatamente o valor máximo de caixas acústicas. Logo, uma caixa nos atende para o resultado esperado.
Mas, espere aí. Você não pode acreditar que é seguro trabalhar sempre em níveis máximos do seu equipamento. Então, para não trabalhar nesses regimes, compre caixas extras para ter o que chamamos de headroom (uma margem de segurança).
Duas caixas de 120 dBs tocariam 123 dBs. Quatro, tocariam 126 dBs. Esse já é um ótimo valor para a margem de segurança! Então, quatro caixas com as especificações acima atenderão ao evento!
Atenção! Isso é uma aproximação matemática muito válida. Entretanto, muita coisa fica de fora, como: acústica do ambiente (este comportamento é para ambiente aberto ou sem reflexões); homogeneidade de distribuição sonora dentro do ambiente (volume do som no ouvido de quem está perto ou distante do sistema); entre muitas outras variáveis que podem influenciar na escolha do seu sistema de som.
Conclusão
Esses pontos abordados acima são somente uma alternativa ao costumeiro do mercado na montagem de sistema de som.
É claro que potência maior em uma caixa com os mesmos transdutores tem sempre maior pressão sonora. Mas, se você comparar duas caixas de linhas de produtos (e componentes internos) completamente distintos, essa “verdade” pode não ser válida. Surgirá a pergunta: qual é a eficiência do transdutor utilizado na caixa?
É de se esperar que caixas com um custo mais alto tenham melhores componentes e, com isso, mais eficiência. Mas ninguém garante essa “outra verdade”.
Por isso, é bom estudar, pesquisar e encontrar marcas em que se pode confiar. Muitas vezes, quando encontramos alguns parâmetros estranhamente bons de um produto no mercado, não necessariamente são “mentiras”. São apenas uma “verdade” para uma determinada aplicação. Se nossa aplicação bate, tudo certo! Se não bate, vamos aparar essas arestas.
Texto escrito por Mundo da Música.